
A Câmara Municipal de Iturama-MG viveu, nas últimas 48 horas, um dos debates mais tensos do ano em torno da aprovação do orçamento suplementar solicitado pelo Executivo. O pedido, apresentado como essencial para garantir o pagamento dos servidores públicos no mês de novembro, abriu um amplo e delicado embate político sobre responsabilidade fiscal, transparência e prioridades administrativas.
O argumento central do Executivo sustenta que a liberação imediata dos recursos é imprescindível para assegurar o bem-estar básico dos funcionários municipais — cuja remuneração, além de direito constitucional, movimenta o comércio local e sustenta a cadeia econômica da cidade. “Trata-se do salário de famílias inteiras e, consequentemente, da circulação financeira que mantém o município vivo. A economia não pode ficar refém de um impasse político”, reforçou um dos representantes da base governista.
No entanto, a proposta encontrou resistência entre parte dos vereadores. O grupo oposicionista alega que houve uso inadequado de verbas ao longo do ano, o que teria contribuído para o cenário de insuficiência orçamentária enfrentado pelo município. Para esses parlamentares, aprovar a suplementação sem antes revisar sua necessidade e origem seria avalizar uma gestão fiscal que consideram falha.
A reunião extraordinária realizada na noite de 26 de novembro, no plenário da Câmara, tornou-se o palco dessa disputa. Durante a sessão, foi lida a declaração enviada pelo Executivo detalhando o direcionamento das verbas alvo de questionamentos. Segundo o documento, o município ainda dispõe de parte do orçamento anual, mas reforça que esse percentual não seria suficiente para cumprir todas as obrigações de custeio, justificando assim a necessidade da suplementação solicitada.
A justificativa reacendeu o clima de tensão, especialmente porque parte dos vereadores afirmou que a falta de clareza na movimentação orçamentária tem dificultado o avanço do diálogo entre os poderes. “O que a Câmara está solicitando são maiores esclarecimentos do pedido”, declarou o vereador Ronei, ao defender que a responsabilidade da Casa Legislativa é fiscalizar, antes de autorizar. Ele confirmou ainda o agendamento de uma nova reunião extraordinária para o dia 27 de novembro, desta vez com a presença da equipe técnica do Executivo, para que as dúvidas possam ser sanadas de forma objetiva.
Já o vereador Ricardo Freitas, conhecido como Ricardo Baiano, tratou o debate com tom crítico. Para ele, não há justificativa plausível para atrelar o pagamento dos servidores à suplementação solicitada. “Não há motivos claros para utilizar essa verba com o argumento de pagamento dos funcionários, que dependem desse recurso para seu bem-estar básico”, afirmou em discurso durante a sessão.
Enquanto o impasse segue, servidores municipais, comerciantes e cidadãos acompanham com atenção o desenrolar dos acontecimentos. A votação do orçamento suplementar, que deveria ser um rito administrativo comum, tornou-se um retrato da complexa relação entre Executivo e Legislativo — marcada por disputas políticas, divergências técnicas e a urgência de decisões que impactam diretamente a vida da população.
“Nosso compromisso é garantir que o município funcione, que as famílias tenham seus salários pagos em dia e que os serviços essenciais não parem. A suplementação solicitada pelo Executivo não é um capricho, é uma necessidade técnica e administrativa. Não estamos discutindo um gasto supérfluo, mas sim a continuidade do funcionamento da máquina pública.
É importante reforçar que o Executivo apresentou dados, apontou o orçamento disponível e justificou, de forma transparente, o porquê da necessidade adicional. Existem mecanismos legais que permitem essa suplementação justamente para evitar o colapso financeiro de setores essenciais.
O papel desta Casa é fiscalizar — e concordamos plenamente —, mas também é tomar decisões responsáveis. Travar o orçamento significa travar a cidade. Não podemos permitir que disputas políticas ou interpretações distorcidas prejudiquem o servidor, o comércio e a população que depende do bom funcionamento da administração.
Estamos aqui para construir, para ajustar o que for necessário e para garantir que Iturama continue andando. O diálogo segue aberto, mas a prioridade precisa ser o cidadão. É isso que defendemos e é por isso que deveríamos estar unidos neste momento.” Declarou em conjunto os vereadores Ricardo Soler, Pedrinho Garcia e Amaral.
A expectativa agora gira em torno da reunião deste dia 27 (hoje), que deve definir se o município terá, ou não, a liberação dos recursos ainda dentro do prazo necessário para garantir a folha de pagamento deste mês. Até lá, o debate continua vivo e segue dividindo opiniões no cenário político local.






















