
Desde 2023, o Hospital Frei Gabriel, em Frutal (MG), se tornou mais do que um espaço de atendimento médico: passou a ser também um porto seguro para mulheres, crianças e adolescentes em situação de violência. Com a criação da Sala Lilás, o hospital oferece acolhimento humanizado, sigiloso e digno a quem chega em busca de amparo.
O ambiente, idealizado para garantir conforto e proteção, é resultado da união entre compromisso social e solidariedade. Cores suaves nas paredes, poltronas aconchegantes e brinquedos cuidadosamente escolhidos criam uma atmosfera acolhedora, capaz de oferecer leveza mesmo nos momentos mais difíceis. A estrutura foi viabilizada com o apoio de empresas locais e do próprio corpo de funcionários do hospital, que abraçaram a causa com dedicação.
Mais do que um espaço físico, a Sala Lilás representa a aplicação concreta da Lei 14.847/2024, que garante atendimento privativo e digno a vítimas de violência pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No contexto da microrregião de Frutal, composta por 11 municípios, o Hospital Frei Gabriel se destaca como referência neste tipo de atendimento, ampliando o acesso à proteção para além das fronteiras da cidade.
Por trás de cada atendimento, há um trabalho conjunto de uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, assistentes sociais, médicos e enfermeiros. Cada profissional atua de forma integrada para garantir que o cuidado seja ajustado à realidade e às necessidades individuais de cada paciente. “A Sala Lilás existe para abraçar essas pessoas em um momento tão delicado, oferecendo não apenas tratamento, mas dignidade”, destaca Jader Sabino, presidente-adjunto da Fundação Frei Gabriel.
O acolhimento começa já na chegada da vítima ao hospital. Em um fluxo cuidadosamente planejado, ela recebe orientação, apoio emocional e avaliação médica de forma sigilosa e respeitosa. Se necessário, as autoridades competentes são acionadas, sempre com atenção à privacidade e ao bem-estar da vítima.
Para Jader, a Sala Lilás é a materialização de um compromisso institucional com a reconstrução da vida de quem enfrentou a violência. “Queremos que este seja um lugar onde a dor encontre alívio, a insegurança vire proteção e o medo dê lugar à esperança”, conclui.
Em tempos em que a violência ainda silencia tantas vozes, a Sala Lilás surge como um espaço de escuta, acolhimento e, acima de tudo, de reconstrução. Um verdadeiro refúgio onde o cuidado é o primeiro passo para a superação.